domingo, 19 de julho de 2015

23° OSCAR – 1951 por Rodrigo Basilio

Oi gente!

Hoje vamos falar da edição do Oscar de 1951, uma das mais disputadas até hoje.
E quem escreve pra gente é o Rodrigo Basilio, uma pessoa super querida e que entende tudo de cinema!



And the Oscar goes to...



Primeiramente estou muito agradecido pelo convite do Carlos, para contribuir com este blog maravilhoso.

É incrível estar participando desse projeto, e falar de uma das minhas paixões:
O Cinema!


Vamos falar hoje de Oscar... a maior festa e premiação do Cinema, e para isso, eu escolhi um ano que pessoalmente acho uma das melhores edições da festa: 1951.

Começo com a categoria de melhor filme, os indicados foram: 

O Pai da Noiva
A Malvada
Crepúsculo dos Deuses
Nascida Ontem 
As Minas do Rei Salomão

Entre os indicados, dois são reconhecidos como clássicos e obras primas (A Malvada e Crepúsculo dos Deuses) e apresentam temas semelhantes, envolvendo historias de atrizes. Um voltado para o teatro e outro para o cinema.

A Malvada (detesto esse titulo, prefiro o original, que em tradução livre ficaria Tudo sobre Eve, bem mais adequado) foi o grande ganhador da noite, é considerado um dos melhores roteiros já escritos, cheio de frases antológicas e um humor acido e inteligente. 

Muita gente acha que "a malvada" do filme é Bette Davis, que ficou conhecida por papéis de vilã, mas nesse filme esse titulo cabe a Eve, personagem de Anne Baxter.

A história se baseia no típico caso de uma pessoa que se aproxima de outra fingindo amizade, mas cheia de segundas intenções; apresentando sentimentos de inveja e traição. 

O roteiro foi baseado no conto de 1946 "The Wisdom of Eve" de Mary Orr, embora não tenha sido creditado no filme, mas dizem as más línguas de Hollywood que o diretor e roteirista Joseph L. Mankiewicz que tinha mania de se inspirar em fatos do seu dia a dia e em confusões que ocorriam fora das telas para escrever seus filmes se inspirou em uma história famosa na época 

O comentário predominante em Hollywood, é que este filme com Bette Davis e Anne Baxter, foi inspirado pelo que acontecera anos antes, entre Tallulah Bankhead e Lizabeth Scott. Só que o filme não fazia qualquer insinuação a lesbianismo, coisa que os rumores diziam ter existido na verdadeira história. Quando os fatos ocorreram, a atriz teatral tinha 42 anos e Lizabeth apenas 22. 
Exatamente como Bette Davis e Anne Baxter em “A Malvada”.

Até esse ano o filme A Malvada era o recordista em indicações ao Oscar (14) ,  e ganhou seis estatuetas:

Melhor Filme
Melhor Diretor
Melhor roteiro adaptado
Melhor Ator Coadjuvante 
Melhor mixagem de som
Melhor Figurino - Preto e Branco

Demoraram 47 anos para que outro filme igualasse esse recorde de indicações 
(Titanic em 1998)

Até hoje detém o recorde de ter mais indicados em categorias de atuação: dois de Melhor Atriz (Bette Davis e Anne Baxter) e dois como Melhor Atriz Coadjuvante ( Celeste Holm e Thelma Ritter).
E o vencedor George Sanders como ator coadjuvante.

Vale lembrar que esse filme inspirou o autor Gilberto Braga a escrever a novela Celebridade.

O outro filme Crepúsculo dos Deuses trazia de volta as telas a estrela do Cinema Mudo Gloria Swanson,, é um filme metalinguístico, clássico Noir; escrito e dirigido pelo gênio Billy Wilder

O filme é uma homenagem e critica à sétima arte, cheio de referências e com muito requinte. Inicia se de modo nada usual, com um crime, um corpo boiando na piscina e uma voz em off começa a narrar a historia de Joe Gillis (William Holden), um roteirista fugindo de representantes de uma financeira que tentava recuperar seu carro por falta de pagamento e se refugia em uma decadente mansão, cuja proprietária, Norma Desmond (Gloria Swanson), era uma estrela do cinema mudo. Quando Norma tem conhecimento que Joe é roteirista, contrata-o para revisar o roteiro de Salomé, que marcaria o seu retorno às telas. O roteiro era insuportável, mas o pagamento era bom e ele não tinha o que fazer. 

No entanto, o que o destino lhe reservava não seria nada agradável.

Esse filme teve 11 indicações ao Oscar e acabou ganhando 03 estatuetas:

Melhor roteiro original
Melhor Direção de Arte - Preto e Branco
Melhor Trilha Sonora 


Apesar do  show de interpretação de Gloria  bastaria a cena final em que, desvairada, a personagem Norma Desmond "encarna" a Salomé, para que o filme ficasse eternizado na memória do cinema.


"Estou pronta para o meu close, Mr. De Mille” 



Outra polêmica histórica:  Judy Holliday leva a estatueta de Melhor Atriz pela comédia Nascida Ontem (Born Yesterday), desbancando Bette Davis e Gloria Swanson. Muitos acharam injustiça por acharem as demais atuações memoráveis e superiores.

Houve uma competição acirrada, alguns julgam que Bette Davis deveria ter levado o premio e colocam culpa no fato de o filme A Malvada apresentar duas atrizes concorrendo na categoria de Melhor Atriz Principal, o que pode ter dividido os votos. Afinal como esquecer Bette Davis mandando o recado: 

"Apertem os cintos, que esta vai ser uma noite turbulenta!"



O fato é que para os cinéfilos essa edição do Oscar é inesquecível e gera debates até hoje, o que prova que passados mais de 50 anos, os filmes sobrevivem na memória. Ou seja, um bom filme dura para sempre!


Eu não poderia esquecer... Marlene Dietrich roubou a cena ao chegar na premiação vestindo uma roupa que expôs suas famosas pernas (até o joelho).


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